Eduardo Cunha Renuncia a Presidência da Câmara dos Deputados.

Na manhã de ontem o Deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB) renunciou a Presidência da Câmara dos Deputados, cargo no qual o mesmo se encontrava afastado desde maio deste ano. A decisão fragilizou ainda mais o Governo Interino de Michel Temer, já que Cunha era considerado seu principal aliado ou no mínimo o mais poderoso devido a suas influências.
 
Eduardo Cunha foi denunciado pelo Procurador Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) enfrenta uma série de acusações relacionadas ao esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. O STF abriu inquéritos para investiga-lo

 

Dados enviados pela Suíça à Procuradoria Geral da República (PGR) comprovam que o peemedebista tem contas bancárias secretas no país europeu. A suspeita é de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. Cunha nega todas as acusações.

Conselho de Ética
Além da investigação no STF, Cunha também pode enfrentar um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar.

O PSOL e a Rede entraram com umarepresentação no Conselho de Ética na Câmara contra o presidente da Casa.

A representação está fundamentada nos documentos que mostram que Cunha tem contas fora do país. O PSOL entende que Cunha mentiu em depoimento à CPI da Petrobras, em março, quando negou que tivesse contas no exterior.

Contas no exterior
A PGR recebeu da Suíça extratos bancários e documentos que indicam que Eduardo Cunha era titular de quatro contas no país. Em uma, segundo informou o MP suíço, houve um depósito de 1,3 milhão de francos suíços.

Segundo a PGR, trata-se de dinheiro de propina oriundo de contrato de exploração de um campo de petróleo em Benin, na África. Cunha nega que tenha contas fora do país.

Preso na Lava Jato, João Augusto Rezende Henriques, um dos operadores do PMDB no esquema de corrupção, também afirmou em depoimento à Polícia Federal que fez uma transferência ao exterior para um conta de Cunha. A transferência seria referente à compra pela Petrobras de uma área de exploração de petróleo em Benin, na África.

US$ 5 milhões em propina
Preso na Lava Jato, Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e um dos supostos operadores do PMDB no esquema na Petrobras, confirmou em seus depoimentos de delação premiada que Cunha recebeu pelo menos US$ 5 milhões em propina por contratos de aluguel de navios-sonda pela estatal.

Em um de seus depoimentos de delação premiada, Baiano afirmou que entregou quantia entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão em espécie no escritório de Cunha. O presidente da Câmara não comentou as acusações e disse que houve vazamento "seletivo" da delação.

Navios-sonda
Em julho, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo afirmou em depoimento à Justiça Federal do Paraná que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões. Camargo disse que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado.

Além dos US$ 5 milhões dados diretamente a Cunha, o deputado teria exigido pagamento de propina a Fernando Baiano. Na época, Cunha desafiou Camargo a provar que ele pediu propina. Para Cunha, o delator foi obrigado a mentir.

'Palavra final' na Petrobras
Cunha também foi citado por Eduardo Vaz da Costa Musa, ex-gerente da Área Internacional da Petrobras. Musa afirmou que era de Cunha a "palavra final" nas indicações políticas para cargos na Área Internacional da empresa.

Na época em que a denúncia veio à público, Cunha afirmou que não conhecia Musa. O advogado Antonio Fernando de Souza, responsável pela defesa do presidente da Câmara, afirmou que só se manifestaria após ter acesso ao conteúdo da delação premiada.